CORAÇÃO FERIDO
14/08/2011
Nada como um coração ferido para fazer aflorar as trevas da solidão.
Quando se tem a solidão por companhia, os pensamentos de uma vida toda afloram, tomam volume e se fazem donos absolutos do momento, impedindo que qualquer reação contrária, venha prejudicar o curso das avaliações, ponderações, a que submetemos as atitudes de anos.
Inevitável, após um breve balanço, me perguntar: O que eu construí? O que tenho de meu? As respostas trazem consigo essa sensação de inutilidade que sinto agora, sensação de tempo perdido.
Será que fiz bem em passar mais de meio século, atrás do trono? Na obscuridade? Vivendo e vibrando pelas vitorias alheias?
A verdade é que agora de nada adianta mirar-me no passado, sendo o meu próprio algóz. A vida não para, esperando que eu olhe para trás. Ela caminha para a frente, livre em direção ao sol e está me convidando a ir com ela.
Já decidi. Quero ir!
Coração ferido? Está sim, mas vai passar. Precisa passar. Afinal,dando espaço a ele, estarei retrocedendo a um passado, que quero esquecer.
Quero somente trazer comigo, a lembrança dos bons momentos que vivi e o saldo gratificante de dois filhos, que me fazem transbordar de orgulho.
